É este o "cronista dos nossos tempos", descreve de forma absolutamente simplista as vivências e receios de uma sociedade egoísta, marcada pela falta de esperança num futuro melhor. Neste livro são retratadas algumas realidades existentes na América do Norte no final do Século XX, nomeadamente, aumento frenético ritmo de vida, a decadência das condições laborais, perda dos valores tradicionais, quebra de confiança nas instituições e empresas, etc.
O escritor faz uma viagem pela sua vida recordando com saudosismo os bons momentos da vida em família, quando vivia em casa dos seus pais. Lança dicas ao leitor sobre a forma como uma família se pode tornar disfuncional pelas condicionantes socioeconómicas ou pela educação parental. Um aspecto curioso do autor é o seu receio de uma explosão nuclear, por várias vezes, descreve ao pormenor os efeitos de um incidente deste tipo, nas pessoas, estruturas e atmosfera, estas descrições serão talvez uma tomada de posição contra o armamento nuclear.
O livro estrutura-se em vários capítulos onde se desenrolam histórias algo ligadas, apesar de não existir um fio condutor coerente que nos leve até ao final. São histórias da vida quotidiana que descrevem situações surreais, com algum cariz humorístico. Nota-se que o estado de espírito de Douglas vai-se deteriorando assim como a sua esperança em sobreviver ao caos social.
A realidade retratada é contemporânea dos nossos dias, podemos mesmo dizer, que é uma antevisão do que está acontecer na sociedade portuguesa. Penso que só por esta razão vale a pena perder umas horas a ler este “quase romance” de um dos melhores cronistas no jornal New York Times.