
A história é narrada por Winston Smith, um homem insignificante aos olhos do leitor, mas que tem um papel muito importante, pois trata da falsificação de documentos a fim de servir os interesses do regime. A propaganda realizada pretende mostrar a todos os cidadãos que as acções do Governo são sempre correctas, não deixando margem para qualquer dúvida. Este Governo também é omnipresente, para o efeito, usa a figura do Grande Irmão (“Big Brother”), hipotético chefe de Estado que se mantém presente em todos os ecrãs de videovigilância e em qualquer contexto da vida dos cidadãos. O controlo extremo perpetuado pelo regime tem dois grandes objectivos: manter os cidadãos concentrados na sua política e incutir-lhes o ódio necessário para alimentar a guerra com as potências regionais, Oceânia e Eurásia.
O que mais me marcou neste romance foi o aspecto visionário do autor relativamente à organização do mundo em 1984. Este idealiza três potências mundiais (Oceânia, Eurásia e Lestásia) que se encontram em guerra permanente, sendo muitas vezes formadas alianças, conforme a conveniência. A par destas potências existe um território neutro que abrange grande parte de África, Médio Oriente e uma estreita faixa do Continente Asiático, este é disputado por todas as potências presentes, mas acaba por nunca ser completamente dominado No fundo, George Orwell, pretendia mostrar a situação extrema que poderíamos chegar, caso a configuração geopolítica saída da II Guerra Mundial se mantivesse.
Hoje, sabemos que este mundo nunca teve lugar, porém, se imaginarmos que a queda do muro de Berlim serviu para garantir a hegemonia do comunismo na Europa, que as incursões militares dos Estados Unidos tiveram o sucesso desejado, que os Ingleses se mantiveram na África do Sul e alargaram o seu poder até à África central e se a China tivesse conseguido dominar os territórios limítrofes, então poderíamos viver num mundo muito parecido com o de George Orwell.

Boa escolha Luís, grande livro!
ResponderEliminar1984 teve o mesmo impacto em mim: como é possível que em 1949 alguém tenha imaginado um mundo tão controlado pela informação? Achei o autor um visionário e a ideia de "Big Brother" extretamente minimizada no famoso concurso de televisão...
Fez-me pensar em como não devemos acreditar cegamente na informação que temos acesso e como a História dá voltas: quem hoje é inimigo, amanhã já não o é (ou o inverso).